Na correria do dia a dia, o estresse se tornou quase inevitável e, em muitos casos, constante. Diferentemente do estresse pontual, o estresse crônico acontece quando somos expostos repetidamente a pressões e demandas por semanas, meses ou até mesmo anos. Embora muitas vezes seja ignorado ou normalizado, o estresse crônico pode exercer efeitos negativos profundos e duradouros no cérebro, especialmente em áreas ligadas ao raciocínio, à memória e ao controle emocional.
Córtex pré-frontal: o centro de comando da mente
Localizado em uma região do cérebro responsável por desempenhar funções importantes, o córtex pré-frontal (CPF) comanda atividades como tomada de decisões, concentração, memória de trabalho e controle das emoções. O CPF é considerado uma das áreas mais desenvolvidas do cérebro humano e, justamente por isso, também é uma das mais sensíveis ao impacto exercido pelo estresse.
Ele possui uma característica essencial, chamada neuroplasticidade, que é a capacidade de o cérebro se adaptar e mudar ao longo da vida. A neuroplasticidade é o que nos permite aprender, nos ajustar a novas situações e formar memórias. Mas ela também torna o CPF vulnerável a influências negativas.
O que o estresse crônico faz com o cérebro?
Quando o estresse se prolonga, o CPF sofre alterações importantes. Ele pode experimentar redução na comunicação entre neurônios, funcionar de forma menos eficiente e até mesmo diminuir de tamanho em áreas específicas, como a região medial, que ajuda a regular nossas emoções.
Essas mudanças podem afetar diretamente nosso foco, nosso humor e nossa capacidade de lidar com o dia a dia, o que resulta em dificuldade de concentração, falhas na memória, irritabilidade, ansiedade e até mesmo sintomas depressivos. A longo prazo, isso pode favorecer o desenvolvimento de quadros como depressão, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e estresse pós-traumático (TEPT).
Outro efeito comum do estresse crônico é a fadiga mental, causada pela sobrecarga cognitiva. Quando é exigido demais, por muito tempo, o cérebro entra em estado de exaustão, o que afeta não somente a produtividade mas também a saúde emocional e física.
Entender como o estresse afeta o cérebro é essencial para prevenir e tratar transtornos relacionados à saúde mental. A boa notícia é que, graças à neuroplasticidade, o cérebro também tem capacidade de recuperação. Com intervenções adequadas, como tratamento medicamentoso, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, é possível reverter parte dos efeitos negativos do estresse crônico.
As pausas podem fazer bem para o cérebro
Em um mundo onde o estresse constante parece inevitável, pausar se torna essencial. Incluir momentos de respiração consciente na rotina pode nos ajudar a proteger o cérebro, preservar as funções cognitivas e fortalecer sua saúde mental.
Respirar com intenção é mais do que relaxar: é investir no seu bem-estar, na sua clareza mental e na sua qualidade de vida.
Pause para recarregar.
Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0006899325000198